O sismo — de magnitude 6,8 — fez com que as pessoas corressem para as ruas de Marrakech e de outras cidades próximas.
A estimativa é de que haja 300 mil pessoas afetadas pelo sismo em Marrakech, ou seja, um terço da população da cidade.
O rei Mohammed 6º declarou três dias de luto nacional e determinou o fornecimento de abrigo, comida e outras formas de ajuda aos sobreviventes.
Muitas pessoas estão passando uma segunda noite ao ar livre.
Um tremor secundário, de magnitude 4,9, foi sentido 19 minutos depois do terremoto.
Muitas das mortes ocorreram em áreas montanhosas de difícil acesso. Há também o registro de 1.400 pessoas gravemente feridas. A maioria das vítimas mais está nas províncias ao sul de Marrakech.
O terremoto ocorreu pouco depois das 23 horas, no horário local (19h de Brasília), a uma profundidade relativamente rasa, a cerca de 71 km a sudoeste de Marrakech, de acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos.
O Ministério do Interior afirma que a província de Al Haouz tem o maior número de mortos, seguida pela província de Taroudant. Há muito menos mortes em Marrakech, embora a cidade antiga, tombada pela Unesco, tenha sofrido danos consideráveis.
Acredita-se que muitas casas simples de tijolos de barro, pedra e madeira em aldeias montanhosas tenham desabado, mas levará algum tempo até que se conheça a escala da devastação em áreas remotas.
A repórter marroquina Aida Alami cresceu em Marrakech e tem mantido contato com os pais, que moram na cidade. Ela diz que o terremoto foi totalmente inesperado.
“Não é um país onde as pessoas saibam o que fazer em caso de terremotos. As pessoas só ficam do lado de fora. Elas estavam realmente preocupadas com os tremores secundários e não sabiam o que fazer e ninguém lhes dizia o que fazer”, afirmou ela.
“Algumas das imagens chocantes que vimos nesta manhã são das antigas muralhas que circundam a cidade velha".
“E estamos vendo escombros e muita destruição lá dentro. São edifícios muito antigos, provavelmente não foram construídos com solidez suficiente."
A Embaixada do Brasil na capital Rabat emitiu nota dizendo que não há notícias neste momento de brasileiros mortos ou feridos e que acompanha com atenção os desdobramentos do terremoto.
Foi informado que o corpo diplomático no país "trabalha em regime de plantão, e pode ser contatado pelo telefone +212661168181 (inclusive WhatsApp)".
A delegação da seleção olímpica brasileira, de jogadores até 23 anos, está na cidade de Fez, onde disputou uma partida contra a seleção marroquina.
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), segundo o GloboEsporte, informou que os integrantes da delegação foram levados para a piscina do hotel e voltaram para o quarto uma hora depois do tremor inicial.
O epicentro do sismo foi nas montanhas do Alto Atlas.
A jornalista Alice Morrison está na região e disse à BBC que o cenário é "apocalíptico", com "rochas por todos lados, buracos gigantescos" e rachaduras no solo.
Hospitais da cidade estão recebendo um grande número de vítimas e autoridades pedem que sejam feitas doações de sangue nesse momento.
Uma nuvem de poeira foi vista no topo da histórica mesquita Koutoubia, de 850 anos, em Marrakech. Pessoas no local temiam que pudesse haver risco de desabamento
O tremor também afetou as províncias e os municípios de al-Haouz, Ouarzazate, Azilal, Chichaoua e Taroudant.
O terremoto ainda foi sentido na capital Rabat, a cerca de 350 km de distância, bem como nas cidades de Casablanca e Essaouira.
“Sentimos um tremor muito violento e percebi que era um terremoto”, disse Abdelhak El Amrani, um homem de 33 anos de Marrakech , à agência de notícias AFP.
"Pude ver os prédios balançando. Então saí e havia muitas pessoas na rua. As pessoas estavam em estado de choque e pânico. As crianças choravam e os pais estavam perturbados.
“A eletricidade caiu por 10 minutos, assim como a rede (de telefonia), mas depois voltou. Todos decidiram ficar do lado de fora”, disse ele.
Em entrevista ao programa Today, da BBC Radio 4, o jornalista britânico Martin Jay, que mora no Marrocos, disse: “Houve relatos na mídia marroquina alertando que as pessoas não voltassem para suas casas."
“Esta foi uma mensagem nacional divulgada pelas autoridades."
"Foi uma noite estranha [em] quase todas as cidades do Marrocos, [onde] a maioria das pessoas ficou sentada no chão do lado de fora de suas casas ou prédios de apartamentos, porque estavam com medo do segundo terremoto que eles previram que ocorreria de duas horas mais tarde."
Pelas informações disponíveis até o momento, Marrakech parece ter sido duramente atingida. O coração histórico da cidade é patrimônio mundial da Unesco.
Vídeos não verificados no X (antigo Twitter) mostram edifícios danificados, outras construções balançando e ruas cobertas de escombros.
Pessoas foram vistas correndo alarmadas e algumas andando em meio a nuvens de poeira.
Alguns edifícios da cidade velha de Marrakech ruíram, disse um morador à agência de notícias Reuters.
Vários clipes no X mostram edifícios desabando, mas a BBC não identificou onde eles foram gravados precisamente.
O Marrocos já testemunhou alguns fortes terremotos no passado, incluindo um em 2004.
Há 19 anos, um terremoto atingiu a cidade de Al Hoceima, no nordeste de Marrocos, e matou 628 pessoas.
Em 1960, o terremoto de Agadir matou 12 mil pessoas.
Esses números dão indicação da escala de vítimas que poderemos ver no terremoto que ocorreu na última sexta.
Segundo Jonathan Aman, repórter de ciência da BBC News, poucos terremotos de magnitude 6,8 eram esperados para este ano e não no Marrocos.
A maioria da atividade tectônica nessa região ocorre no Mediterrâneo, e em direção à Turquia, que sofreu um violente terremoto no começo deste ano.
A surpresa traz consequências pela falta de uma preparação adequada a esse tipo de evento.
Líderes de diversos países enviaram mensagens de condolência depois de receber a notícia da tragédia.
O presidente francês, Emmanuel Macron, diz estar “devastado” com a notícia e acrescentou que o seu país está pronto para ajudar com esforços de socorro.
Vladimir Putin afirmou que a Rússia partilhava “a dor e o luto do amigo povo marroquino”.
Volodymyr Zelensky, da Ucrânia, enviou as "mais profundas condolências" a Marrocos.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, escreveu no X, antigo Twitter: “Toda a minha solidariedade e apoio ao povo de Marrocos após este terrível terremoto”.
O turco Recep Tayyip Erdogan, cujo país foi atingido por um trágico sismo no início deste ano, declarou que estava pronto para oferecer ajuda.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, “deu instruções para fornecer toda a assistência necessária ao povo marroquino”, segundo um comunicado de imprensa do seu gabinete.
E a União Africana expressou a sua “grande dor” pelas “consequências trágicas” do terremoto.